Idosa faz a prova do Enem em busca de um sonho: ser advogada
Nunca é tarde para realizar sonhos. A máxima rege a vida de Olga
Cezimbra que, no alto de seus 73 anos, está confiante de que um de seus
maiores desejos será alcançado em breve: ser advogada. Neste domingo
(4), ela concluiu a segunda etapa da prova do Enem e pretende concorrer a
uma vaga para o curso de direito. "Tem que ter força de vontade", diz a
senhora, ao lado da filha, Cláudia Renata Gonçalves, que também fez o
exame.
Mãe e filha realizaram a prova em locais diferentes, mas uma colaborou
com a outra durante os meses de estudo que precederam os dias da prova.
"Como ela não tem muita intimidade com a informática, eu comprava
jornais e revistas com o conteúdo programatíco do exame e mandava para
ela", conta Cláudia, residente na capital, que ajudou à distância a mãe,
que mora em Soure, região do Marajó, no Pará.
Por ter mais de 65 anos, Olga fez a prova com o auxílio de dois
agentes, que a ajudaram na hora de preencher o cartão-resposta. "Eu ia
dizendo para eles qual era a alternativa e eles marcavam para mim",
conta. Além disso, a senhora fez a prova em sala especial e também
recebeu uma versão "gigante" da prova. "Como tenho problema de visão,
sou muito míope, eles me deram uma prova impressa em letras grandes, o
que me ajudou bastante", diz.
Olga veio do sul do país para o Pará há quase 20 anos, quando casou-se
com um militar paraense. Formada no já extinto curso de magistério, ela
perdeu os documentos que comprovavam seu histórico escolar durante a
mudança. Ano passado, o problema foi resolvido: Olga prestou o exame do
Enem e conseguiu pontuação para emitir o diploma de ensino médio. "Ela
fez a prova, tirou média cima de 50% de acerto e conseguiu o
certificado", explica a filha.
Este ano, Olga voltou a realizar o exame, desta vez para pleitear uma
vaga no ensino superior. "Escolhi direito porque tenho um amigo advogado
em Soure e ele tem muitos livros sobre leis, que eu nunca cansei de
ler", conta.
Olga mantém ainda em sua casa uma biblioteca particular e garante:
nunca se afasta dos livros. "Passo horas lendo. Nunca parei de estudar.
Assisto também muitos documentários", conta a senhora, que no Marajó foi
aluna do Educação e Jovens e Adultos (EJA), da rede pública de ensino.
Residente de uma comunidade pequena da região marajoara, Olga presta
ajuda àqueles que não sabem ler nem escrever. "Muita gente é analfabeta
ali, então eles vem me pedir ajuda para ler uma receita de remédio, para
preencher documentos, para ler cartas", diz.
G1 PARÁ
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