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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Nunca é tarde para estudar

Idosa faz a prova do Enem em busca de um sonho: ser advogada

Com informações do G1 PA

Nunca é tarde para realizar sonhos. A máxima rege a vida de Olga Cezimbra que, no alto de seus 73 anos, está confiante de que um de seus maiores desejos será alcançado em breve: ser advogada. Neste domingo (4), ela concluiu a segunda etapa da prova do Enem e pretende concorrer a uma vaga para o curso de direito. "Tem que ter força de vontade", diz a senhora, ao lado da filha, Cláudia Renata  Gonçalves, que também fez o exame.

Mãe e filha realizaram a prova em locais diferentes, mas uma colaborou com a  outra durante os meses de estudo que precederam os dias da prova. "Como ela não tem muita intimidade com a informática, eu comprava jornais e revistas com o conteúdo programatíco do exame e mandava para ela", conta Cláudia, residente na capital, que ajudou à distância a mãe, que mora em Soure, região do Marajó, no Pará.

Por ter mais de 65 anos, Olga fez a prova com o auxílio de dois agentes, que a ajudaram na hora de preencher o cartão-resposta. "Eu ia dizendo para eles qual era a alternativa e eles marcavam para mim", conta. Além disso, a senhora fez a prova em sala especial e também recebeu uma versão "gigante" da prova. "Como tenho problema de visão, sou muito míope, eles me deram uma prova impressa em letras grandes, o que me ajudou bastante", diz.

Olga veio do sul do país para o Pará há quase 20 anos, quando casou-se com um militar paraense. Formada no já extinto curso de magistério, ela perdeu os documentos que comprovavam seu histórico escolar durante a mudança. Ano passado, o problema foi resolvido: Olga prestou o exame do Enem e conseguiu pontuação para emitir o diploma de ensino médio. "Ela fez a prova, tirou média cima de 50% de acerto e conseguiu o certificado", explica a filha.

Este ano, Olga voltou a realizar o exame, desta vez para pleitear uma vaga no ensino superior. "Escolhi direito porque tenho um amigo advogado em Soure e ele tem muitos livros sobre leis, que eu nunca cansei de ler", conta.

Olga mantém ainda em sua casa uma biblioteca particular e garante: nunca se afasta dos livros. "Passo horas lendo. Nunca parei de estudar. Assisto também muitos documentários", conta a senhora, que no Marajó foi aluna do Educação e Jovens e Adultos (EJA), da rede pública de ensino.

Residente de uma comunidade pequena da região marajoara, Olga presta ajuda àqueles que não sabem ler nem escrever. "Muita gente é analfabeta ali, então eles vem me pedir ajuda para ler uma receita de remédio, para preencher documentos, para ler cartas", diz.

Sobre o futuro, Olga faz planos: "Quero escrever dois livros e seguir estudando, sempre".

G1 PARÁ

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