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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Fraudes no seguro defeso contava até com atravessadores

"A colônia de pescadores inchou igual baiacu”, resumiu uma das testemunhas da fraude que pode ter desviado mais de R$ 18 milhões em recursos federai.
O sistema de fraudes no seguro defeso desbaratado no Pará nesta quinta-feira, (25/04), era tão amplo que chegou contar com 'cambistas', integrantes especializados em arregimentar pessoas para entrar no esquema. De acordo com investigações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em três anos as quadrilhas podem ter desviado mais de R$ 18 milhões em saques fraudulentos no seguro-desemprego de pescador artesanal.

“A colônia de pescadores inchou igual baiacu”, disse uma das testemunhas ouvidas durante os inquéritos. Foram identificadas quadrilhas atuando nos municípios de Breves, Curralinho, Salvaterra e Soure, no Marajó, e na capital do Estado. 

Pessoas ligadas às colônias ou associações de pescadores desses municípios atuaram em parceria com servidores de órgãos de cadastro, controle e pagamento do seguro. E os 'cambistas' ficavam incumbidos de encontrar interessados em se passar por pescadores, levando-os até as agências bancárias para o recebimento ilegal do benefício.

Segundo a PF, até o início da tarde desta quinta-feira, as duas operações – batizadas de Proteu e Tétis em referência a divindades marinhas da mitologia grega – tinham resultado na prisão de 13 empregados públicos, além de presidentes de colônias de pescadores e vigilantes de agencias bancárias. Dois vereadores dos municípios envolvidos foram alvos das Operações, bem como as sedes das Colônias de Pescadores de Curralinho, Soure e Salvaterra. As operações também contaram com o apoio da Polícia Civil do Estado do Pará.
No total, foram cumpridos 19 mandados de prisão preventiva, 19 mandados de prisão temporária, duas conduções coercitivas, 41 mandados de busca e apreensão, oito afastamentos de servidores públicos, bloqueio de 44 contas bancárias e o cancelamento de 19 registros gerais de pesca.

As operações Proteu e Tétis foram planejadas a partir de dados de mais de 160 inquéritos em que a PF e o MPF atuam. 

Cassação – Devido a esse mesmo tipo de fraude, em 2011 o Ministério Público Eleitoral (MPE) conseguiu no Tribunal Regional Eleitoral a cassação do mandato do então deputado estadual Paulo Sérgio Souza, o Chico da Pesca. Ele tinha sido o quinto candidato mais votado para a Assembleia Legislativa e, de acordo com o MPE, incluiu centenas de pessoas irregularmente no Registro Geral da Pesca em troca de votos, o que configura abuso de poder político e econômico, já que ele foi superintendente da Secretaria Federal da Pesca no Pará.

O esquema foi descoberto depois que a Controladoria Geral da União notou um aumento inexplicável do número de registros de pescadores no período anterior à eleição. O registro dá direito ao cidadão de requerer benefícios como o seguro-defeso.

Fonte:

MPF/PA

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Comentário



Corrupção sem controle e sem limites.

Enquanto tivermos uma Constituição "bondosa" que diz que a prisão é uma exceção, que dá direito a ampla defesa e ao contraditório, com dezenas de recursos no sentido único de protelação, que em muitos casos prescrevem, a corrupção não terá fim, pelo menos a curto e médio prazo. É de reconhecer os esforços e a competência da Polícia Federal no combate aos crimes de colarinho branco, mas infelizmente, para a decepção de uma sociedade que aceita pacificamente um "mar" de desvios de recursos públicos, não teremos o prazer de ver políticos, gestores e servidores públicos ficarem trancafiados numa cela por um bom tempo.
O que se lamenta com tanta benevolência de nossas leis, é a rapidez que a justiça libera os acusados. Infelizmente no Brasil o crime compensa. As penitenciarias estão lotadas de presos em sua maioria de traficantes e latrocidas e criminosos sem condições de pagar um bom advogado. Em poucas palavras. Prisão não Brasil é para os pobres e o crime para os "poderosos" compensa.. 

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