Empresários paraenses com dificuldades fecham as portas por falta de incentivo fiscal; outros vão para estados mais acolhedores
O Estado não cuida muito bem de suas marcas registradas no setor econômico, e, como consequência, o parque industrial paraense, ao invés de avançar, regride. Empresas que nasceram no Pará, e de alguma forma contribuem com o desenvolvimento estadual, começam a pensar em transferir suas instalações para outras regiões. A cada dez empresários paraenses que especulam deixar o Estado, dez apontam a ausência da política de incentivos fiscais como sendo o principal motivo.
Um exemplo de migração das marcas registradas no Pará para outras regiões está na Cerpasa. A cervejaria totalmente paraense recebeu uma proposta do governo do Rio de Janeiro para montar seu aparato industrial na região Sudeste. O que torna a proposta ainda mais tentadora, além da ausência de incentivos fiscais no Pará, é a falta de isonomia por parte do governo paraense, para tratar do mesmo assunto, com a concorrente - Schincariol - que desde a primeira gestão do atual governador, tem aproximadamente 95% de incentivos fiscais. Pior do que a mudança de praça das empresas do Estado é o fato de alguns grupos industriais estarem fechando as portas, também pela falta de incentivos. A fábrica de tampas e embalagens Tapon Corona, por exemplo, encerrou suas atividades em Belém.
Para o assessor econômico da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), o economista José do Egypto, a falta de incentivos, além de desviar o rumo das empresas locais, deixa de atrair novos investimentos ao Estado. "Vence esta guerra fiscal a região mais estruturada, que coloca tapete vermelho para o investidor. O Pará não participa dessa briga. No governo anterior, os incentivos fiscais foram discutidos durante três anos, e depois se esbarrou no Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária)", explica. Conforme esclarece o economista, hoje, esta política funciona de forma híbrida, e começou a operar o ano passado. "As implementações começaram tardiamente, e isso gerou um enorme prejuízo. Perdemos cerca de 30 indústrias que viriam para o Estado, mas acabaram desistindo", pontua.
Três pontos fundamentais são destacados por Egypto, para evitar que outras empresas desistam do Pará. O primeiro deles gira em torno da celeridade no atendimento do setor produtivo. Outro fator apontado pelo assessor Econômico é a viabilidade dos incentivos, sobretudo para os grupos que ele enquadra como sobreviventes. "Temos empresas que lutam para se manter no mercado, e que verticalizam a produção, ou seja, são importantes. Porém, algumas delas estão sujeitas a fechar as portas, devido à competitividade das outras regiões e às dificuldades peculiares que temos na Amazônia", alerta. Egypto também fala de um aspecto preocupante, e que torna o Pará menos atrativo aos olhos dos investidores: o isolamento fiscal. "O Pará é uma ilha. Todos os Estados do entorno possuem área de livre comércio, benefícios, e outros atrativos", argumenta.
O economista ressalta que, se as barreiras não forem vencidas, o Estado corre o risco de ficar para trás. "Implantamos uma política de fomentos tardiamente. Além disso, temos fatores contrários ao atrativo, com tanta burocracia, e com atraso no campo da ciência e tecnologia e da qualificação de mão de obra", afirma. Para Egypto, com tantas dificuldades, o Estado corre tanto o risco assistir a evasão de suas empresas, como de perder novos e importantes investimentos. "Não basta atrair. Temos que olhar estes sobreviventes, que estão lutando há muito tempo para produzir no Pará e na Amazônia, mesmo com todas as adversidades", diz.
Extraído do site www.orm.com.br/jornais
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