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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Divisão do Pará - Divisão e malversação

Divisão e malversação

Separação rima com dilapidação. Divisão rima com malversação.

Retalhar estados sob a justificativa de que isso é uma saída contra a falta de dinamismo administrativo não passa de conversa fiada de quem está de olho na gastança, que sempre anda junto com a corrupção.

Ao mesmo tempo em que a Assembleia Legislativa do Pará se transforma no palco iluminado de farras com o dinheiro público, a Câmara dos Deputados, em Brasília, resolve aprovar dois projetos de decreto legislativo para a convocação de plebiscito para decidir sobre a criação de novas unidades.

Com a aprovação das matérias, a população do Pará vai decidir se aceita ou não o desmembramento da unidade federativa para a formação de dois novos estados, do Carajás e do Tapajós. A proposta aprovada sobre Carajás será promulgada, enquanto a do Tapajós ainda terá de passar pelo crivo dos senadores.

A aprovação dos dois plebiscitos contou com amplo apoio de parlamentares da base e da oposição, à exceção do PSOL. O líder do partido, deputado Chico Alencar (RJ), foi sintético, objetivo e direto. Ao lembrar que atualmente tramitam no Congresso pelo menos 12 projetos que tratam da criação de novos estados, o parlamentar sentenciou: “É uma falácia achar que a criação de novos estados e municípios fortalece a Federação”.

O parlamentar está certo. Isso é um balela. E os que insistem em propagar essa balela correm do debate quando se lhes contrapõem número e fatos que mostram o despropósito da tentativa de retalhar territórios.

Os adeptos do separatismo preferem fincar os pés naquele surrado argumento de que é preciso conferir às populações o direito constitucional de se manifestarem sobre se querem ou não criar novos estados.

Esquecem os separatistas de buscar elementos consistentes para rebater fatos indicando que a criação de novos estados só interessa a políticos interessados em fortalecer seus currais eleitorais e vitaminar esquemas de poder que mantêm segmentos sociais na mesma exclusão de antes, quando ainda eram governados pelos estados que deram origem aos novos.

Esquemas de poder que vicejam em novos estados são muito parecidos com os que foram postos em prática na Assembleia Legislativa do Pará, nos últimos quatro anos.

Na Assembleia, a farra com o dinheiro público permitiu que se enxertasse a folha de pessoal com fantasmas que ganhavam os tubos, incluindo gratificações que superavam em mais de dez vezes o valor do salário.

Em estados que são criados, a farra com o dinheiro público começa justamente pelo empreguismo desenfreado.

Na Assembleia, a farra com o dinheiro público lastreou a nomeação de estagiários às centenas, um escândalo que chamou atenção do Ministério Público há mais de dois anos.

Em novos estados, a farra com o dinheiro público embriaga caciques que se regalam com desperdícios que negam, em tudo e por tudo, a alegação repetida intensamente de que o fortalecimento da Federação é facilitada com a criação de novas unidades.

Na Assembleia, a farra com o dinheiro público é resultado direto e flagrante do descontrole administrativo.

Quando novos estados são criados, os caciques políticos tendem a mirar primeiro em seus próprios quintais, em seus próprios currais, de olho nas próximas eleições.

A população paraense precisa, desde logo, ficar de olho nesses aventureiros que estão desbravando caminhos e removendo obstáculos para retalhar o Estado do Pará.

Os paraenses precisam, desde logo, ficar atentos para que não se criem condições ideais, adequadas e propícias para ampliar a farra com o dinheiro público, como a que esteve em curso nos últimos anos, na Assembleia Legislativa do Estado.

É preciso que os paraenses, mesmo antes desses plebiscitos, se convençam de que, como dito, divisão rima com malversação.

Extraído do Portal ORM
http://www.orm.com.br/

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