A Dra. Ana Maria Magalhães coordenadora do Grupo de Combate ao Lixo de Belém, concede entrevista ao jornalista Ney Messias (coluna Entre nós) no jornal O Liberal
Entrevista: Promotora Ana Maria Brabo, coordenadora do grupo “Belém contra o Lixo” MERCADO E ATUALIDADES
Por uma cidade mais limpa
Já que o poder público não dá jeito, a revolução deve começar mesmo pelos moradores de Belém.
A falta de limpeza da cidade é unanimidade, para os de casa e para os que chegam de fora. Belém é uma cidade suja. Muito por conta da ineficiência do poder público municipal e muito também pela falta de educação dos moradores. Um grupo resolveu se unir e enfrentar o problema. Está fundado o “Belém contra o Lixo”. A promotora Ana Maria Brabo adianta aqui na coluna algumas questões que vão ser levantadas pelo programa ENTRE NÓS.
Defina o que significa o Belém Contra O Lixo?
R. Significa que a população deve compreender que a questão do lixo nas ruas, nos esgotos, nas valas de Belém se transformou em um problema social e, por isso, deve ser discutido, enfrentado e combatido por todos. Poder Público e sociedade civil contra o lixo.
Qual a diagnose atual do problema do lixo na cidade?
R. Múltiplos fatores conduziram e conduzem a nossa cidade para a atual situação. A coleta de lixo não funciona adequadamente porque o carro de lixo não passa por todas as ruas. As pessoas que residem nessas ruas onde o carro de lixo não passa acabam se acostumando a levar seus sacos de lixo para uma esquina, ou qualquer outro lugar. Outros moradores veem um saco de lixo naquele local e levam o seu também. Forma-se aí um depósito de lixo que é revirado por cachorros e catadores. O lixo que não serve se espalha pelo chão. Pronto: ficou institucionalizado um local de sujeira que é alimentado diariamente pelo lixo das casas. A Prefeitura não apresenta para a população o calendário com os dias e trajetos que os carros de lixo devem fazer. Desta forma, a população não consegue se programar para colocar o lixo na porta no dia certo. O programa de coleta de entulhos que a prefeitura realizava no passado foi abandonado. Hoje, os entulhos vão parar na esquina mais próxima ou nos canais. O aterro sanitário do Aurá está descontrolado e esgotado. Não comporta mais lixo. Não temos uma coleta seletiva impulsionada pelo Poder Público. O que temos são iniciativas de particulares e de catadores de lixo, que se sustentam dessa atividade. A prefeitura não disponibiliza a informação de endereços de ONG´S que recebem o lixo que pode ser reciclado. Desta forma, as pessoas que separam o lixo em suas casas ficam sem saber a onde entregá-lo e os resíduos que podem ser reciclados acabam indo para o carro de lixo, junto com os rejeitos. A Constituição Federal impõe ao poder público o dever de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, mas não se vê, desde 2004, nenhuma campanha de educação ambiental. Se existe, é muito discreta que ninguém toma conhecimento. Que fique bem claro: quem tem o dever de promover educação ambiental em relação ao lixo é o município, conforme Constituição Federal As pessoas se acostumaram a viver em uma cidade submersa em lixo. Ninguém vê o lixo, ou se vê, encara com normalidade. Por isso, ninguém se importa com quem joga lixo nas ruas e isso incentiva a insustentabilidade do meio ambiente urbano; aqueles que lutam contra o lixo ou reclamam contra quem suja as ruas são vistos como gente chata, que se ocupa com coisa sem importância.
Como participar do movimento de vocês e como agir?
R. Qualquer um pode participar. Basta escrever para belemcontraolixo@gmail.com. Para ser membro do grupo exige-se que a pessoa adote uma postura ambientalmente adequada, em especial, que passe a fazer a coleta seletiva do lixo e a entregar os resíduos em alguma ONG ou cooperativa. A participação nas campanhas e nas reuniões ocorre segundo a disponibilidade de tempo de cada um.
Postado por Paulo Santos
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